As fraudes praticadas na
Campanha do Desarmamento pela Ong MovPaz, sediada em Feira de Santana, tiveram
a participação de pelo menos 50 pessoas, segundo informações da Polícia
Federal.
Em entrevista coletiva
concedida à imprensa, o delegado Wal Goulart - que coordena o posto avançado da
PF em Feira – informou que a operação Vulcano foi deflagrada em Fortaleza (CE),
Feira de Santana e nas cidades de Antas e Cícero Dantas, também na Bahia.
“A rede é enorme, com mais
de 50 pessoas, mas nos concentramos naqueles principais”, explicou o delegado.
A operação da PF se baseou
em mandados expedidos na 2ª Vara Federal de Feira - doze de busca e apreensão,
seis de prisão temporária e cinco de condução coercitiva. A operação foi
realizada em vários bairros da cidade, nas primeiras horas desta quinta-feira
(28).
A primeira prisão efetuada
foi a do coordenador nacional do MovPaz, Ong com sede em Feira e que faz o
recolhimento de armas da Campanha do Desarmamento na cidade, através da Casa da
Paz, situada à Avenida Contorno, bairro Feira V. Clóvis Nunes foi detido em Fortaleza.
Já o irmão de Clóvis, Carlos
Nunes, foi preso em casa, em Feira de Santana.
A suposta fraude
Segundo a Polícia Federal, a
operação foi efetuada após a informação de que 8.800 armas foram recolhidas
durante a Campanha do Desarmamento em Feira – destas, segundo a PF, quatro mil
não existiam e 4.800 eram de fabricação caseira.
A campanha prevê o pagamento
de indenizações às pessoas que entregarem as armas voluntariamente. De acordo
com as investigações, com os dados falsos, os envolvidos na fraude realizavam
saques indevidos na conta bancária da campanha. As retiradas irregulares teriam
sido em torno de R$ 1 milhão e 300 mil, recursos do Ministério da Justiça.
“Eles começaram a gerar
protocolos de forma fraudulenta no sistema do governo federal, recebendo as
indenizações. Geravam indenizações sem sequer existir arma”, afirmou o delegado
Wal Goulart.
O número elevado de armas
que teriam sido arrecadadas em Feira também chamou a atenção do governo e da
polícia. “Feira aparecia com 14% das armas arrecadadas no Brasil. É como se
fosse São Paulo e Rio de Janeiro juntos. Por isso, o Ministério da Justiça solicitou
a investigação”, completou o delegado.
A Campanha do Desarmamento
conta com a participação da Polícia Militar. O coronel Martinho, que já
comandou o 1º Batalhão da PM de Feira, está entre os investigados. Em sua
residência a PF fez uma busca e encontrou um rifle sem documentação. Por isso o
militar foi encaminhado ao posto avançado da Polícia Federal em Feira. Depois
de pagamento de fiança, ele foi liberado.
A Ong MovPaz atua em 27
cidades distribuídas em 10 estados do país. A arrecadação de armas em Fortaleza
também está sendo investigada pela Polícia Federal.
Kleiton Costa (De Olho na
Cidade) e fotos de Gleidson Santos.